sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Sem Mais Delongas #12: A hegemonia das virtudes.

(ou como a omissão do contraponto forma uma espiral do silêncio).


Uma das curiosidades do século XXI é a ascensão dos social justice warriors e sua compreensão de mundo coletivista (leia mais aqui). Mais curioso ainda é o modus operandi e as consequências psicológicas e sociais que esse tipo de concepção de mundo acaba gerando, tornando tudo em uma grande engenharia social. Ironicamente, são esses mesmos ditos defensores da igualdade que mais ferem o princípio da isonomia.

Com o sucesso desses coletivos, cresceu uma visão onde essas assertivas representam praticamente uma seita, onde a acepção de tais ideias representa um sentimento de superioridade vinculada a uma "bondade"; uma auto-percepção orgulhosa de defender algo que se tem como nobre. Para fomentar ainda mais esse discurso, a mídia faz uma massiva difamação de todas as linhas de pensamento que não se aliem ao senso comum. Toda essa canalhice gera, paulatinamente, uma completa aversão aos indivíduos que não se posicionem ordeiramente como gado.

Esses comportamentos - muitas vezes - são estimulados pela falta de interesse em se desafiar a compreender outras formas de enxergar o mundo. A omissão de uma posição contrária forma uma espiral de silêncio, onde aqueles que se posicionam 'contra a corrente' se calam, para não serem perseguidos por suas opiniões, enquanto os ditos defensores da igualdade se agigantam como grandes juízes da história; os representantes de um messianismo tacanho e coercivo.

Resultado disso, temos categorizações grotescas de indivíduos que, por terem uma determinada característica, são achincalhados por esses asseclas de uma ideologia imbecilizante; um acinte à todo tipo de compreensão humanitária e sensibilidade para com o próximo. É uma completa ironia que esse tipo de patrulhamento venha logo daqueles que se dizem tão preocupados com o bem-estar dos outros. Além disso, essa postura também compreende uma aceitação social que alimenta e engrandece o ego destes que a defendem. Afinal, quem não quer se sentir bem perante os seus pares?

A grosso modo, a própria terminologia social justice é contraditória por si só. Justiça é um sistema de eliminação de conflitos entre indivíduos. Como pode um sistema ser justo se ele parte do pressuposto que a sociedade é constituída por grupos e não indivíduos? Como pode um indivíduo ser desfavorecido - devido a uma noção histórica - por algo que ele não cometeu e isso ainda ser chamado de justiça?

Ainda se poderia considerar a ideia da famigerada Justiça Social, caso ela respeitasse o conceito com a qual ela supostamente estaria coligada. Infelizmente, o panorama que se configura empiricamente é muito diferente daquele que se idealiza e tal arremedo de pessoas servem apenas como instrumento de manobra para facilitar o engrandecimento de um órgão central, que se beneficia como sendo uma suposta "solução" para os problemas envoltos à desigualdade; o que acaba gerando um enorme círculo vicioso, pois todo esse processo acarreta em mais desigualdade e mais pessoas acabarão reivindicando mais intervencionismo, que acabará gerando mais desigualdade. Vira tudo uma bola de neve, até o colapso social.

Falta um pouco de bom senso em toda essa discussão. Enquanto se permanecer com essa concepção cultural de que coletivos oprimem outros coletivos, se está perdendo o foco dos reais problemas que indivíduos têm na sociedade. Esse instinto ególatra de 'apóstolos da história' apenas sucumbe e segrega a todos nós, transformando todo o processo de discussão dos problemas em uma pilhéria. Foquemos nossas forças em compreender e tentar solucionar as raízes empíricas das situações sociais e não em inferir injúrias aos outros. Só assim poderemos formar uma sociedade equilibrada.

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